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14 de fevereiro de 2013

Custos do glaucoma

O glaucoma é uma doença comparticipada pelo SNS. O doente não deve ser somente acompanhado por um oftalmologista da especialidade, mas também pelo seu médico de família. Assim que o glaucoma é diagnosticado, seja em que idade for, deve-se falar disso com o médico de família, pois ele é quem lhe vai dar acesso ao hospital, no caso de precisar de obter uma consulta de especialidade ou de ser internado. E quando não puder ir ao oftalmologista no mês que tinha previsto por questões variadas, é o médico de família que lhe passa a receita médica para que possa comprar as gotas de um modo comparticipado. A diferença é de cinco euros para cinquenta cêntimos. Um frasco só pode ser usado durante um mês. Sendo assim, num ano vai precisar de 12 frascos. Sem receita médica gasta ca. de 60 euros e com receita gasta 6 euros. O médico de família não vai determinar que tratamento é que deve fazer, nem vai definir que tipo de gotas deve tomar, mas ajuda-o a continuar o tratamento e a aceder aos serviços necessários para melhor efetuar o tratamento. Nem sempre os médicos de família são acessíveis, mas lembre-se de que o glaucoma é uma doença crónica e por isso vai precisar do todo o apoio para o resto da sua vida.

O modo como deve expor o problema ao seu médico de família é mesmo dizer os sintomas que tem tido (olhos inchados, vermelhos, dor de cabeça, enjoos) e convencê-lo de que precisa de ser visto por um oftalmologista, mas que não tem possibilidade de ir a um oftalmologista privado.
Se quiser ter a certeza de que o problema está nos seus olhos e não no fígado ou no medicamento que anda a tomar para o coração, passe num oculista. Existem centros óticos que dão consultas gratuitas e que fazem exames complementares gratuitos. No oculista não vai encontrar o tratamento para a sua doença, mas vai perceber se deve ou não consultar um oftalmologista. Por exemplo, no Centro Óptico de Santa Luzia pode medir gratuitamente a tensão nos olhos (ou mais corretamente, a pressão intraocular). Um doente com glaucoma pode sofrer tanto por ter a pressão demasiado baixa como demasiado alta. Os valores normais encontram-se entre 12-22 mmHg. Estes valores dependem do modo como a máquina está calibrada e dependem das características de cada pessoa, como por exemplo, se a espessura da córnea é mais fina ou mais grossa. Os valores também podem variar dependendo da hora do dia. O importante é que estejam estáveis com aquilo que costuma ter. Idealmente tem um passe onde vai anotando os diferentes valores que teve nos diferentes dias e horas em que mediu e, assim, já pode comparar e saber se está tudo bem.

Mas atenção, se é a primeira vez que mede a tensão este exame por si só não chega. É no entanto um índice caso alguma coisa esteja errada. O técnico que lhe medir a tensão pode ajudar e aconselhar sobre o que deve fazer ou quem deve procurar. Além do mais dão-lhe um recibo com os valores da sua pressão ocular, que pode apresentar ao seu médico de família como prova de que os seus olhos não estão bem.
O Oculista Cristal de Ouro também realiza exames gratuitos de tonometria. E por exemplo o Jorge Oculista dá consultas gratuitas uma vez por semana. Pergunte no seu oculista mais próximo se fazem rastreios visuais, se dão consultas e se medem a tensão dos olhos.

Se tiver de ser operado, dependendo do grau de urgência do seu caso, quando o faz a partir do SNS acaba por ter de se sujeitar às listas de espera. Aqui não sei determinar quanto tempo as pessoas com glaucoma têm de esperar até poderem ser operadas. No meu caso esperei apenas um mês e apenas porque o médico queria que eu fizesse a cirurgia no período de férias escolares. Na altura em que fiz a cirurgia não obtive estatuto de isenta e tive de pagar as taxas moderadoras. De qualquer modo, foi sempre muito barato, muito mais do que se tivesse feito a cirurgia num hospital particular.
Depois da cirurgia obtêm-se consultas de especialidade regulares no hospital e na data definida pelo médico responsável. O habitual é receber-se um passe com as datas agendadas. Assim, um paciente com glaucoma pode nunca ter de recorrer a um oftalmologista particular e ser totalmente acompanhado pelo oftalmologista do hospital onde foi operado. O benefício de ter estas consultas no hospital é ter acesso a todo o tipo de exames complementares necessários para acompanhar a evolução da doença, que acabam por estar integrados na consulta e são normalmente marcados pelo oftalmologista, sempre que necessário.

Quando apenas se é acompanhado por um oftalmologista privado, caso este dê consultas num espaço sem os equipamentos necessários, terá de recorrer a clínicas privadas para obter os exames complementares e tudo isto significa custos adicionais. Imagine, paga a consulta com o oftalmologista que por suas vez lhe dá receitas para fazer exames. Vai a uma clínica particular e faz os exames pedidos e paga adicionalmente por cada um deles. Volta ao seu oftalmologista para apresentar os exames e volta a pagar a consulta. Além do mais os exames, pelo menos os dos campos visuais, têm de ser feitos pelo menos duas vezes por ano. Idealmente vai a uma clínica que possui todo o material e oftalmologista da especialidade de modo a fazer tudo no mesmo local e idealmente, se vai ser acompanhado por um oftalmologista do sistema privado deve ter um seguro de saúde.

Existem vários exames para determinar se um paciente tem ou não glaucoma e que devem ser feitos com alguma regularidade depois de diagnosticado para acompanhar a evolução da doença.
Os cinco mais comuns são:
- Tonometria: medição da pressão intraocular
- Oftalmoscopia: para analisar a forma a a cor do nervo ótico
- Perimetria: para analisar o campo visual completo
- Gonioscopia: para avaliar o ângulo da câmara anterior
- Paquimetria: usado para medir a espessura da córnea


Para além dos exames há ainda os custos com os óculos, no caso de precisar. A mim pedem-me sempre que use lentes especiais anti-reflexo, de espessura fina e idealmente usaria ainda óculos de sol, pois um olho com glaucoma é mais sensível à luz. Isso implica ter sempre dois pares de óculos e de cada vez que tenho de mudar as lentes de um por causa da graduação, tenho de mudar as lentes do outro. Existe sempre a hipótese de usar um tipo de lente que se adapta à intensidade da luz e assim apenas precisa de se preocupar com um par de óculos. Neste caso o SNS já não comparticipa nada. Existem seguros de saúde que cobrem uma percentagem do custo dos óculos e alguns oculistas têm acordos inclusive com instituições bancárias oferecendo descontos. É uma questão de estar atento aos vários tipos de descontos.

Para quem não pode mesmo financiar um par de óculos tem sempre a hipótese de recorrer à ajuda de alguma instituição de caridade. Por exemplo a Leos Portugal não só recolhe óculos usados como distribui óculos pelas pessoas carenciadas. Há oculistas que fazem a recolha dos óculos ou pode ir diretamente à associação entregar os seus óculos velhos, aqueles que se vão amontoando na gaveta e apenas ocupam espaço ou apenas servem de lembrança, mas já não vai utilizar mais. Esses óculos podem servir a outras pessoas.

Portanto, se descobrir que tem glaucoma, você ou alguém da sua família, círculo de amigos e acha que não tem qualquer condição financeira para poder avançar com um tratamento para o resto da vida não desespere. Os custos do glaucoma não têm necessariamente de ser incomportáveis. Existe muito apoio, apenas precisa de falar com as pessoas certas.


Mais informações sobre taxas moderadoras aqui.

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